Eixos Temáticos

Tópicos a serem discutidos no evento

  • O que é um diagnóstico psiquiátrico? Isso importa?

    Vou explicar, tecnicamente falando, sobre o diagnóstico psiquiátrico na infância. Acriação de uma mitologia de doença / transtorno mental que carece de credibilidade científica levou a crenças e práticas dominantes, que facilitam o rápido crescimento de diagnósticos psiquiátricos e a tendência de lidar com o que é conceituado como comportamentos ou emoções aberrantes por meio intervenções técnicas (farmacêuticas)
    Usando o TDAH e o autismo como exemplos de casos, esta apresentação irá delinear a falta de evidências para apoiar (ou não) e conceituar o que pensamos como "transtornos" mentais como sendo o resultado de doenças biomédicas ou psicológicas.Venho realizando várias pesquisas sobre esse tema. Vamos conversar no congresso sobre a saúde mental infantojuvenil.
  • Educação e saúde mental

    A educação exerce seus impactos em todos os meios nos quais está presente. A importância de educar as pessoas a respeito do que significa ter uma boa saúde mental, tornou-se imprescindível. Tanto para as crianças, quanto para os jovens e seus parentes, ter consciência de que eventos e comportamentos podem afetar a saúde psicológica de alguém é extremamente importante.
    Vemos entre os jovens casos de bullying, agressões externas e internas ao ambiente familiar, depressão e tentativas de suicídio como elementos presentes em suas vidas. A educação surge como um elemento para auxiliar na saúde mental dessas pessoas. Discutir sobre seus impactos se faz algo fundamental para a erradicação de quadros psicológicos negativos possíveis e para o desenvolvimento de métodos de conscientização eficazes.
    O objetivo da mesa é justamente esse: servir de espaço para a troca de ideias sobre como melhorar a educação, incorporando a saúde mental em seu leque de essencialidades, dado o impacto que essa união pode ter na prevenção psicossocial de problemas e dificuldades.
  • Ouvir vozes na infância

    O ouvir de vozes, quando não se conhecem suas origens, pode ser uma experiência aterrorizante e amedrontadora do ponto de vista daquele que as escuta. Na infância, esse panorama se repete da mesma forma. No entanto, a experiência de ouvir vozes, comprovadamente, pode ter origens diversas como, por exemplo, traumas e agressões vividas, não se encaixando, necessariamente, no quadro de uma psicopatologia.
    Viver com as vozes não precisa ser algo negativo. Aprender a conviver e a entender essas vozes pode ser o principal passo para que se possa olhá-las com outros olhos e ouvi-las com outros ouvidos.
    A proposta dessa mesa é justamente olhar essa experiência do prisma da infância, entendendo as vozes de acordo com essa perspectiva e, também, de acordo com a perspectiva dos parentes – elementos fundamentais dessa vivência ao lado da criança e do adolescente. Novas práticas e maneiras de enxergar as vozes existem e estão aí para ajudar a mudar a realidade de quem as ouvem, sendo crianças, adolescentes ou mesmo adultos. As vozes podem ser amigas e ajudar a superar vivências traumáticas e afins
  • Como lidar com sentimentos suicidas e autoagressão na infância e adolescência

    Sentimentos suicidas são cercados por medo e incompreensão. As comunidades são frequentemente julgadoras e encorajadas a relatar sentimentos suicidas aos profissionais de saúde mental, enquanto o padrão de cuidados em saúde comportamental enfatiza a avaliação rápida de risco e a intervenção médica.
    Penso que herdamos um quadro adulto para pensar no suicídio em geral, que aplicamos aos jovens. Isso baseia-se, frequentemente, como se diz, na ideia de que os jovens são frágeis e não podem tomar decisões em seu próprio nome. Muitas vezes, as nossas intervenções podem tornar-se bastante paternalistas. Existe uma ligação entre esta dinâmica e a tendência para aplicar um quadro mais colonial quando se pensa no suicídio indígena.
    Havia um sentido muito bem delineado do que era permitido dizer, do que não era permitido expressar, e dos tipos de perguntas que eram permitidas. Havia uma narrativa muito clara: “Se você é suicida, você não quer realmente morrer”. Precisa obter ajuda de um adulto de confiança e este adulto de confiança irá conectá-lo com um profissional que irá, então, intervir”.
  • Da vulnerabilidade social à vulnerabilidade psíquica: Uma proposta de cuidado em saúde mental para adolescentes

    Entende-se que situações de vulnerabilização social, contextos de violência e ambientes de conflito são fatores chave para o desencadear de problemas e dificuldades psicológicas, principalmente no que concerne à criança e ao adolescente.  A periferia, espaço diversas vezes excluído da agenda governamental, acaba sendo um terreno fértil para atividades prejudiciais à psique dessa faixa da população. Projetos são desenvolvidos visando afastar essas pessoas de situações de risco.
    Por meio do cuidado preventivo, da brincadeira e de espaços “protegidos” da influência negativa direta, a criança e o adolescente podem ter um lugar para desabafar, crescer e compartilhar abertamente sobre suas dores e medos. O objetivo da mesa é tratar dessas questões, visando ser um espaço para o pensar de projetos, soluções e melhorias no que concerne à vulnerabilidade social e suas consequências ao estado psicológico dos mais jovens.
  • A criança e o adolescente na agenda política da saúde mental brasileira: Inclusão tardia e desafios atuais

    A inclusão tardia da criança e do adolescente na agenda política de saúde mental brasileira deu origem a desafios públicos no que diz respeito a implementação de medidas com esse fim.
    Desde a criação dos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) e mesmo de medidas buscando ampliar a interdisciplinaridade dos serviços, os mais jovens continuaram sofrendo em decorrência do pouco tempo de existência de alguns serviços e da consequente falta de estrutura destes.
    Mapear as dificuldades psicológicas dos mais jovens e preparar os profissionais para lidar com elas não é uma tarefa fácil. Há muitos membros e trabalhadores das redes de saúde mental fazendo muito com o pouco que acabam tendo.Por esses e outros motivos, a mesa se abre para a discussão desse tema, objetivando emitir luz sobre questões importantes dessa implementação - seja debatendo sobre os serviços, seja falando sobre como pode ser feito o preparo dos profissionais da saúde pública para esses casos, por exemplo.
  • O Olhar sobre o CAPSij - protagonismo da criança

    Os processos de psiquiatrização e patologização da infância no percurso das crianças pelo CAPSi são percebidos nas diversas marcas impressas em seus processos de subjetivação.
    Uma dessas marcas ocorre pelo processo de atribuição de um diagnóstico às crianças. Afirmar o lugar do CAPSi como agenciador de novos encontros configura-se uma estratégia para que outras experiências sejam possíveis. O CAPSi é um lugar de encontro onde diversas instituições se cruzam, permitindo que o encontro das crianças se dê com cada uma dessasinstituições que atravessam as práticas, tensionando a noção de identidade infantil como uma entidade criança, imóvel e universal. Isso permite que a criança seja um campo de forças e intensidades, inventando a sua experiência com o sofrimento e as práticas de cuidado.
  • A desmedicalização da infância e a Gestão Autônoma da Medicação (GAM) e saúde mental infantojuvenil

    No campo da saúde mental, o desafio da medicação encontra novos contornos na relação com o público infantojuvenil. Estes sujeitos são marcados historicamente por uma grave experiência de tutela, sustentada por uma tradição na qual a criança é vista como “incompleta” e “em desenvolvimento”. Como efeito, crianças e jovens tendem a ser ainda mais excluídos da negociação e decisão sobre o seu próprio tratamento (COUTO, 2004).
    Assim, ao aproximar-se das questões que envolvem a gestão do cuidado e da medicação na saúde mental infantojuvenil na Reforma Psiquiátrica brasileira, o grupo de pesquisa Fractal, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), trabalhou na proposição, entre 2015 e 2017, da Oficina da Palavra: um dispositivo de pesquisa-intervenção inspirado nos princípios da Estratégia da Gestão Autônoma da Medicação (GAM). Participaram da oficina crianças e adolescentes usuárias de um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi).
  • Abordagens envolvendo as Famílias no Recovery do jovem em Saúde Mental: Open Dialogue e estratégias

    Todas as experiências descritas no tema “foco em rede” destacaram o impacto do envolvimento da família no tratamento. Todos os participantes valorizaram a participação da família no tratamento e a descreveram como ajudando a reduzir o estigma, mudando a dinâmica do poder, permitindo que os participantes se sintam compreendidos por suas famílias, e abrindo espaço para conversas que, de outra forma, não teriam sido possíveis.
    A abordagem cuidadosa e colaborativa promovida pelo Dialogo Aberto permite um atendimento orientado à recuperação, centrado na pessoa e enfatiza a importância de ter a família e seu apoio envolvidos no tratamento.
  • Adolescência, álcool e outras drogas: A Intersetorialidade no cuidado e na prevenção

  • Quais as relações possíveis entre as infâncias e as artes?  1

    Quais são os entraves que percebemos nas investidas em tais abordagens? Pensar as artes como lugares de batalha do sensível no contemporâneo, a infância como um tempo e uma força de resistência e a clinica como um território fértil ao novo é o que pretende essa comunicação. A partir de experiências com crianças em processos de cuidado, dentro da perspectiva da atenção psicossocial, e de relatos e estudos colhidos na pesquisa “Cartografia das práticas artísticas com crianças e jovens em espaços de arte: propostas e experimentações no contexto nacional”, esta comunicação deseja traçar possibilidades de alianças entre artes, infâncias e clinica. Alianças que possam colaborar com a realocação de uma perspectiva artística na clinica, com os agenciamentos entre linhas de subjetivação, de cuidado e de experimentação para crianças e profissionais da atenção psicossocial, e com o fortalecimento de diretrizes de politicas publicas não manicomiais. Há na educação, na saúde, na filosofia e nas artes indícios que podem iluminar iniciativas experimentais de composição que ao alinharem-se eticamente a produção de vida, podem reconstruir o valor dos trabalhos com as linguagens e com a expressividade.